“Bombardear o Irã é a idéia mais Estúpida que Eu já ouvi”

O ex-chefe do Mossad, Meir Dagan disse que um ataque ao Irã seria um suicídio para Israel.

Por Luis R. Miranda
The Real Agenda
Março 13, 2012

Nada é mais claro. “Um ataque ao Irã sem explorar todas as opções disponíveis não é a maneira certa de fazer as coisas.” Esta é a avaliação do ex-chefe do Mossad, Meir Dagan, diretor de inteligência de Israel, o equivalente do chefe da CIA. Rumores sobre sua oposição a um ataque israelense ao Irã foram divulgados na mídia por algum tempo, mas é a primeira vez que Dagan aparece na televisão para falar claramente sobre o que ele acredita ser uma missão suicida do Israel , uma missão que não vai impedir que o Irã obtenha uma arma nuclear, se esse país realmente quer uma.

Em suas próprias palavras, Dagan deixa claro que há pelo menos 3 anos para usar a diplomacia e sanções para impedir um Irã nuclear. O ex-espião que se aposentou do Mossad — embora muitos acreditam que ele foi demitido pelo atual primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu — se opõe à política de ataques preventivos por parte de Israel contra o Irã. Em uma entrevista muito editada concedida à CBS, Dagan disse que o regime iraniano é “racional” para compreender as conseqüências de criar ou obter uma arma nuclear. Este nível de racionalidade, diz Dagan, não é o mesmo que se conhece no mundo ocidental, mas ele não tem dúvida de que os iranianos estão considerando todas as implicações de suas decisões.

Quando perguntado por que o mundo não poderia então ter um Irã nuclear, o ex-chefe de inteligência resgatou uma idéia amplamente desacreditada, de que o Irã tem a intenção de varrer Israel do mapa. Sua afirmação refere-se a uma citação do líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad quem nunca disse tal coisa. O que ele disse, como relatado por muitos meios de comunicação, é que ele queria arrancar o regime Israelense do mapa, não o povo judeu. “Acho que os iranianos são mestres da negociação”, disse Dagan. Ele acrescentou que ficaria preocupado se, por exemplo, os europeus decidiram sentar-se com os iranianos para negociar, e diminuíssem ou suavizaram as sanções como uma condição para tais negociações.

Meir Dagan, chefiou a agência de inteligência de Israel por mais de 9 anos. Ele e seus colegas foram responsáveis pela morte de membros do Hamas e outros na Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Ele e sua equipe foram encarregados dos programas para fornecer equipamentos defeituosos para o Irã para atrasar seu plano de enriquecer o material para produzir energia nuclear. Eles também foram responsáveis pelo assassinato de cientistas iranianos que trabalham diretamente no programa de enriquecimento nuclear.

Dagan disse que o Irã não tem interesse em manter os preços do petróleo baixos, porque é sua principal fonte de renda e que um Irão nuclear não garantiria a estabilidade no Oriente Médio. Talvez um Irã nuclear não ajudaria a manter os preços do petróleo baixos, mas certamente ajudaria a equilibrar a luta pelo poder entre Israel e seus aliados ocidentais e os países como Irã, Paquistão, Rússia e China. Aliados do Irã parecem ecoar o conselho dado pelo Dagan de não atacar o Irã. A Rússia disse que não vai permitir qualquer ataque contra a Síria ou o Irã, e o mesmo foi dito pela China. Recentemente, importantes autoridades chinesas alertaram as suas organizações de defesa para se preparar para uma guerra contra os Estados Unidos no caso em que o governo liderado por Barack Obama, decidisse apoiar um ataque israelense ao Irã.

Tanto o Paquistão quanto a Rússia falaram publicamente sobre a sua oposição a um ataque ao Irã ou a Síria. Os líderes paquistaneses deixaram claro que dariam uma mão aos seus vizinhos, se Israel ou os EUA decide atacá-los. Dagan passou a dizer que um Irã nuclear seria mais fácil para criar as condições para a manutenção de um Oriente Médio instável, a fim de manter os preços do petróleo artificialmente elevados. A questão é, não é isso o que os EUA e Israel tem feito — para manter a instabilidade no Oriente Médio — ao atacar países árabes sem nenhuma razão, baseando tais ataques em informações de inteligência falsa muitas vezes fornecidas pelo Mossad ou a CIA? Uma coisa é certa, um Irã nuclear não seria páreo para Israel, que tem mais de 300 armas nucleares, nem para os Estados Unidos pela mesma razão. Irã teria uma arma nuclear, ou algumas armas nucleares que não seriam capazes de igualar o arsenal de Israel ou dos Estados Unidos. O que um Irã nuclear faria, sem dúvida, é dar maior estabilidade à região desde que Israel e os Estados Unidos deveram pensar duas vezes antes de atacar o país liderado por Ahmadinejad — diretamente ou através de seus governos proxy.

O ex-chefe de inteligência disse que um dos meios para mudar o Irã é apoiando organizações de oposição e grupos de estudantes e minorias étnicas. Ele, no entanto, negou o envolvimento do Mossad em qualquer ação que, direta ou indiretamente, fizera exatamente isso. Não há necessidade de explicações, no entanto. Há muitas evidências de que o Mossad tem elementos que operam no Irã e que estão realizando operações de desestabilização encobertas para influenciar as decisões do Irã. Ele disse que era dever do Mossad oferecer qualquer ajuda a quem deseja iniciar uma mudança de regime no Irã. Dagan salientou que um ataque ao Irã este ano seria imprudente, especialmente porque a intervenção militar não impedirá o Irã de obter uma arma nuclear, que é o que Israel supostamente teme. “Só o atrasaria”, diz Dagan. Ele disse que impedir o Irã de obter uma arma nuclear é uma tarefa muito complicada, porque ao contrário do que muitos acreditam o Irã tem dezenas de sites nucleares e não somente uns poucos como alguns acreditam.

Embora publicamente Barack Obama concorda com o parecer do Dagan, na prática, o governo dos EUA age de forma muito diferente. Os EUA enviaram vários navios de guerra para a região do Golfo, especificamente o Estreito de Hormuz, uma área que o Irã ameaçou fechar se for atacado por Israel ou os militares dos Estados Unidos. “Um Irã nuclear não é um problema israelense, mas um problema global”, disse o ex-chefe do Mossad. Ele acrescentou que, se Israel não ataca o Irã militarmente, ele prefere que seja EUA. Israel é conhecido por atacar sites unilateral e preventivamente em países vizinhos como o Irã e a Síria. Mas desta vez o Sr. Dagan acredita que as coisas podem acontecer de outra forma. Ele disse que um ataque ao Irã no futuro próximo irá levar a uma guerra regional como nunca antes visto, com foguetes voando e explodindo  em território israelense do norte e sul. Talvez é por isso que Israel vem treinando para destruir foguetes com o seu sistema anti-mísseis. A defesa parece ser a preparação para o tipo de cenário descrito pelo Dagan na sua entrevista. “Seria um impacto devastador sobre a nossa capacidade de continuar com nossas vidas diárias”, disse Dagan sobre os ataques que viriam do Hamas e do Hezbollah se Israel decidir bombardear o Irão. “Eu acho que Israel poderia estar em uma situação muito grave por muito tempo”, disse Meir Dagan.

“Um ataque militar contra o Irã nao vai preveni-lo de conseguir uma bomba nuclear, apenas irá atrasá-lo”, disse Dagan. Embora ele passou a maior parte de sua vida realizando ataques terroristas contra os árabes, Dagan disse que para ele não há nenhum prazer ou alegria em matar pessoas. Tem muitas pinturas em casa, onde interpreta os árabes, que diz que ele admira. “Eu sei que soa anti-semita dizer que alguns dos meus melhores amigos são árabes, mas eu realmente, realmente admiro algumas das qualidades dos árabes.” Apesar da glorificação que a repórter da CBS fez ao chamar os ataques terroristas do Mossad de  assassinatos “primorosamente executado”, Dagan disse que não era assim. A maioria das pessoas acreditam que a saída do Meir Dagan do Mossad é uma conseqüência direta de sua oposição a um ataque ao Irã e a  operação do Mossad que ocorreu em Dubai para matar funcionários iranianos em um hotel daquela cidade. Acredita-se que Benjamin Netanyahu não oferecieu o trabalho mais uma vez ao Dagan e está e a razão pela que ele esta falando publicamente contra qualquer ação militar contra o Irã.

Meir Dagan, nega que esteja em busca de vingança.

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