O aparelho da Apple grava em tempo real o paradeiro das pessoas
Adaptação de Luis R. Miranda
The Guardian
23 de abril de 2011
Pesquisadores de segurança descobriram que o iPhone da Apple mantém um registro de onde os usuários vão e têm a capacidade de estabelecer com alto grau de precisão o local onde o usuário está a qualquer momento. Uma vez detectados os dados, o iPhone armazena a informação em um arquivo secreto no dispositivo que é copiado para o computador do proprietário quando os dois estão sincronizados.
O arquivo contém a latitude e a longitude junto com as coordenadas e um carimbo do tempo, o que significa que se alguém rouba o telefone ou o computador poderá descobrir todos os detalhes sobre os movimentos do proprietário através de um programa simples.
Em alguns telefones, pode ser quase um ano de dados armazenados, porque o registo dos dados parece ter começado com a quarta atualização do sistema operacional do telefone da Apple (IOS 4), lançado em junho de 2010.
“Apple tem feito o possível para quase qualquer um – um marido ciumento, um detective privado – com acesso a telefone ou do computador obter informações detalhadas sobre onde você está”, disse Pete Warden, um dos pesquisadores.
Somente o iPhone registra a localização do usuário desta forma, diz Alasdair Allan, um dos cientistas que descobriram o arquivo de dados e apresentaram suas conclusões na conferência Where 2.0 em San Francisco na quarta-feira. “Alasdair tem procurado códigos similares de monitoramento [Google] Android, mas segundo ele não foram encontrados”, disse Warden. “Nós não encontramos nenhum caso de outros fabricantes de celulares a fazer isso.” Embora o resto dos telefones não registram as informações do usuário do mesmo jeito que o iPhone, qualquer telefone fabricado depois de 2000 tem a capacidade de emitir a localização do usuário a traves das redes sem fio, Wi-fi e GPS. Com o uso de satélites, o paradeiro de qualquer usuário de celular pode ser encontrado tão facilmente como digitando o seu nome completo ou numero de seguro social e o sinal do seu celular é rapidamente localizado.
Simon Davies, diretor da Privacy International, disse: “Esta é uma descoberta perturbadora. A localização é um dos aspectos mais sensíveis na vida de todos – basta pensar onde as pessoas vão à noite. A existência de dados cria uma verdadeira ameaça à privacidade. A falta de aviso aos usuários ou qualquer outra opção para o controle desta tecnologia só pode vir de uma falta de consciência da privacidade na fase de projeto. “
Warden e Allan observam que o arquivo é movido para novos dispositivos, ao substituir um velho: “A Apple poderia estar pensando sobre os desenvolvimentos futuros que requerem uma história da localização dos usuários, mas essa é a nossa especulação. O fato de que [o arquivo] é transferido através de [para um novo iPhone ou IPAD], é prova de que a coleta de dados não é acidental. “Mas eles disseram que não pareciam ser transmitidos para a própria Apple. Isto faz sentido com os requerimentos da lei aprovada em 1996 nos Estados Unidos, onde claramente o governo americano e o principal destinatário das informações coletadas pelas empresas que oferecem serviços de telefone celular,
E então um fato que as redes móveis registram a localização de telefones, e que esses dados estavam disponíveis para a polícia, um fato não muito positivo, e outras organizações reconhecidas e que estas podem accesa-las com uma ordem judicial ao abrigo de regulamentos ou leis. No entanto, sabemos que nem sempre os governos guiam suas ações com as leis. Em muitos casos as leis são criadas apenas para os cidadãos.
Congressistas de vários países em 2009, criticaram o gigantesco sistema “Latitude”, de Google que permite que as pessoas a darem os detalhes de localização para contatos confiáveis. Na época os deputados disseram que Latitude “substancialmente poderia comprometer a privacidade dos usuários, mas o Google disse que os usuários tinham que escolher especificamente para disponibilizar seus dados. O sistema do iPhone, pelo contrário, parece registrar os dados sem que o usuário concorde. A Apple não quis comentar por que o arquivo foi criado ou se você pode desativa-lo.
Warden e Allan criaram um site que responde as perguntas sobre o arquivo, e criaram um simples aplicativo para download para os usuários da Apple ver se os dados de localização de telefone são registrados. O Guardian de Londres confirmou que os aparelhos com capacidade 3G incluindo o IPAD também conservar os dados copiados para o computador do usuário.
Se alguém rouba um iPhone, têm acesso direto aos seus arquivos, e poderia extrair os dados de localização diretamente. Por outro lado, qualquer pessoa com acesso direto ao computador de um usuário pode executar o aplicativo e ver uma exposição de seus movimentos. A criptografia de dados em seu computador é uma forma de proteger contra isso, no entanto, ainda deixa os arquivos desprotegidos no telefone.
Graham Cluley, consultor sênior de tecnologia da empresa de segurança Sophos, disse: “Se os dados não são precisos para nada, então você não deve armazena-los. Não é necessário manter um arquivo no telefone com detalhes de onde você foi.” Ele sugere que a Apple poderia estar esperando para fornecer dados para a publicidade móvel no futuro e acrescentou: “Eu não acho que a Apple está realmente tentando monitorar os usuários. ” Ao mesmo tempo, Cluley não conseguiu dar outra razão para este arquivo estar no telefone.
A localização do arquivo veio à tona quando Ward e Allan estavam procurando uma fonte de dados móveis. “Estávamos discutindo fazer uma exposição de tranferencia de dados, e quando Alasdair estava pesquisando sobre o que estava disponível, encontrou este arquivo. No início, não tinha certeza da quantidade de dados que estavam ali, mas depois ele cavou mais e viu os dados coletados. Então ficou claro que havia uma quantidade assustadora que descrevia o pormenor no nosso paradeiro”, disse Warden.
Eles têm escrito sobre isto no seu blog O’Reilly Radar, dizendo: “Por que essa informação é armazenada e como a Apple pretende utilizá-lo? São questões importantes que precisam ser exploradas “.
A dupla de cientistas de dados têm colaborado em uma série de visualizações de dados, incluindo um mapa de níveis de radiação no Japão para o The Guardian. Eles estão desenvolvendo um kit de ferramentas de dados para lidar com este sistema de registro de dados.
Davies disse que a descoberta do arquivo indica que a Apple não tomar a sério a privacidade do usuário.
Um ponto importante sobre isso é que a Apple pode legitimamente afirmar que tem permissão para coletar os dados. Perto do final do termo de uso do programa Itunes, composto de 15.200 palavras, o documento diz que os aparelhos da Apple são sincronizados com o Itunes e que esta sincronização e feita para ajudar os seus “serviços baseados em localização”.
O parágrafo estabelece que “A Apple e os nossos parceiros e licenciados podem coletar, usar e compartilhar dados de localização exata, inclusive em tempo real a localização geográfica de seu computador ou dispositivo Apple. Estes dados são coletados de forma anônima e sem identificação pessoal e são usados pela Apple e seus parceiros e licenciados para prestar e melhorar os produtos baseados em localização. Por exemplo, nós compartilhamos a localização geográfica dos fornecedores de aplicações ao selecionar serviços de localização. ” Isto não somente confirma que a Apple espia aos seus usuários, mas que de fato, os dados são enviados para a Apple e não somente guardados no arquivo do iPhone, Ipad e iPod. A descrição também confirma que Apple da ou vende as informações coletadas com seus aparelhos a empresas parceiras e que as regras de privacidade que a Apple diz ter não aplicam uma dez que a informação e enviada o vendida a esses parceiros ou contratantes.